E os direitos?

Hoje na aula de Estágio Supervisionado, o professor estava falando de preconceitos que se perpetuam em sala de aula por meio dos professores e nos perguntou o que faríamos, que tipo de postura adotariamos frente a um aluno homossexual.
– Normal, uma boa parte (inclusive eu) respondeu.
Aí ele disse que nesse caso, a escola poderia não tomar nenhum tipo de atitude e que, se por acaso estivessemos tratando de uma escola particular, aí mesmo é que dificilmente haveria uma postura acerca deste assunto. Que provavelmente veríamos os coleguinhas infernizar a vida deste aluno. E então o que faríamos? Íriamos compactuar com a postura do silencia e exclui?
E aí uma amiga minha, sim amiga, que sabe de mim, que ouve minhas histórias, disse que também teria que haver “consciência por parte deste aluno”. Eu fiquei quieta na hora porque a aula já tinha acabado quando a discussão chegou nesse ponto e porque esta minha amiga não tinha nenhum argumento válido, o que não a impediria de tentar convencer-me do seu ponto de vista. Mas pensei…
Consciência de quê?
E o professor parece que leu meus pensamentose perguntou isso. Ao que essa amiga disse que não gostaria de ter limites ultrapassados e ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando na sua sala de aula.
Me perguntei em que escola isto aconteceria ou vai acontecer, algum dia. Mais um argumento completamente furado. Lá estava ela, querendo impôr limites que por bem ou mal (nosso), já temos. A gente sabe que, infelizmente, tem que “respeitar o limite dos outros”, que não pode dar um beijo de despedida em plena Voluntários da Pátria no meio do dia, que se for andar de mão dada provavelmente vamos ouvir gritos, ou algo como “aceite Jesus na sua vida” e muitos olhares tortos.Que a gente tem que proteger e quase se esconder da família, amigos, colegas de trabalho e restringir a vida a dois à própria casa e principalmente ao próprio quarto, porque a casa é domínio público. Só deveres. Nenhum direito.
Não chega não?
Ia criar uma polêmica numa turma cheia de homens estudantes de geografia que pareciam saídos dos tempos das cavernas dizer que, independente do colégio, minha postura com os coleguinhas homofóbicos ia ser severa. Independente do que eles acham natural ou não. Nem que eu tivesse que dar uma aula sobre diversidade e respeito.
Chega, né? Na minha sala de aula, não.
Quanto à minha amiga, pela primeira vez, fiquei profundamente decepcionada.

~ por M. em março 25, 2008.

2 Respostas to “E os direitos?”

  1. gente, tem certeza q eh amiga??
    hipocrisia pura, hein?
    por nada naum…

    sério.. essas pessoas me dão pena. dizem que não são preconceituosas, mas são as primeiras a tacar pedra na gente! ¬¬

    eu tô no humor nietzsche ultimamente… tinha que todo mundo morrer e nascer de novo.

  2. Essa coisa de “consciência”, para mim, é furada. Explico: da mesma forma que um casal homossexual não deve se beijar na sala de aula, um hétero também não pode. Não acho que sala de aula é a hora, nem o local, para casais (sejam qual a orientação sexual que tenham) manifestarem seus afetos.
    Eu estudei num colégio que não podia haver nada disso, nem pegaçãozinha no recreio. E achava tudo bem. Aliás, ainda acho. Mas, deixo claro, para mim, não deve haver distinções nas regras para um grupo ou para outro. Escola, né? Escola, educação… estão relacionadas.

    São muitas restrições aos homossexuais, ou bissexuais, sim, e por isso acho importante um posicionamento que corte as manifestações preconceituosas, porque (utópica) um dia a mentalidade das pessoas pode vir a mudar. E nada melhor que a escola para dar uma ajuda nisso (porque acredito na educação familiar, também).

    É um tema polêmico, provavelmente daria mais um tempo de aula, rs.
    Eu fico perplexa, e pode ser ingenuidade minha, com a visão das pessoas.. não sei se sou muito desconectada do mundo real também, mas enfim… Para mim, não são dois homens que se gostam, por exemplo, mas duas *pessoas*. É mais. É universal. Mas claro, isso não vale no nosso mundo. Por isso acho que é ingenuidade minha essa visão. Rs.

    Beijos!

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