Medieval

Sempre havia acreditado nos meio termos. Se houvessem três caminhos, escolheria o do meio, fosse ele melhor ou pior do que os outros. Prefereria sempre a junção de duas partes, com medo de estar perdendo ainda mais. É claro que, fazendo isso, nunca se aprofundava em nada, jazia sempre no superficial caminho do meio.
Ultimamente, passara a crer nos paradoxos, nas antíteses. Preto e branco, noite e dia, verão e inverno. Antigamente, acreditava-se que o inverno era o prenúncio da morte, já que ele simboliza a morte das árvores, das estações. Para ele, não. O inverno simbolizava muito mais a vida, a volta de todo o agradável, do realmente belo.
Entrou numa catedral gótica, com as torres em formas triangulares, o que dava a impressão de que a sua estrutura de pedra levitava com o bater do sol.
Era quase de tardinha, o azul de um dia limpo começava a ser substituído pelas cores vermelho alaranjadas do créspulo e os vitrais criavam dentro da igreja, um caminho único iluminado, que levava ao altar. O resto todo permanecia em sombras.
Ao chegar no ponto mais alto, descobriu que toda infinitude, guarda em si, uma grave finitude e por isso é concebivel.
É esse, o paradoxo dos paradoxos. A maior falta de meio termo possível. Não há como mesclar. Começa-se eterno, acaba-se, efêmero.

~ por M. em abril 10, 2007.

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