Das pessoas

Eu prefiro as pessoas sem que saiba nada delas. É uma espécie de voyerismo: eu prefiro olhar e criar uma vida para ela, criar a personalidade, o timbre da voz, a delicadeza (ou não) das palavras ditas. Eu prefiro pessoas que vejo mas que no fundo, são imaginárias. Poderia dizer que elas são melhores, mas soaria muito prepotente. Elas são, diferentes. Agradáveis em minha imaginação como personagens de best sellers.
Isso tudo é uma parede a mais para chegar perto das pessoas e fazer com que elas se tornem sensíveis aos meus sentidos e à minha vontade. Que não haja perfeição mas que ao menos, as pessoas sejam um pouco mais como aparentam. Interessantes como aparentam, agradáveis como aparentam, cools como aparentam.
Senão, o que nos resta é ficar stuck com pessoas com vozes insuportáveis e com uma personalidade lastimável tendo em vista um exterior tão rico.

Eu não tenho a menos paciência de ficar de small talk com alguém que eu encontro na rua. Especialmente se é uma pessoa que eu andei evitando durante meses. Será que as pessoas não cansam de todo o processo do “Oi, tudo bem, quanto tempo! E aí, o que tem feito da vida?”?
Como resumir meses em cinco minutos? Como demonstrar interesse quando tudo o que se quer é chegar logo ao lugar que estava destinado? Como fazer um sorriso não parecer falso e fazer com que a palavra saudade soe sincera?
Em certos casos, sou a favor de um aceno de mão. Em outros, mais drásticos, de simplesmente andar reto.

~ por M. em março 19, 2007.

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