Era uma vez…

Quando eu era criança, assim que aprendi a ler, toda a minha vida e todas as minhas histórias se resumiam a contos de fadas, histórias de princesas e príncipes, de reinos encantados e reinações, de crianças travessas, bichos papões, histórias de heróis de força descomunal, fadas, trolls e mundos mágicos, animais que falam e dão lições de moral, margaridas que sentem frio.
Eu sempre quis entrar naquelas narrações, fazer-me de papel e penetrar ali, naqueles mundos subterrâneos e encantados que não lembravam em nada o meu próprio.
Tenho a impressão de que isso morreu. Não ficaram para trás as fadas e as princesas, mas a delicadeza da forma como são ditas suas histórias. O mergulho, parece, não pode se dar mais por meios que não reflitam um mínimo de realidade. As crianças não são mais capazes de compreender se não houver violência, sangue, morte…
Para nós, tudo foi suavizado. Muitos de nós não sabem o verdadeiro final das irmãs de Cinderela/ fomos protegidos da crueldade. E quanto à fantasia da próxima geração, ainda não que não seja necessáriamente infantil, guarda seu quinhão de vida real, afinal, é preciso que aprendamos e que as crianças também aprendam. De que outra forma, então, poderemos explicar as guerras?

*após assistir “O labirinto do Fauno”

~ por M. em março 12, 2007.

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