Tentando não cair num clichê que tavez não tenha nem como ter embasamento teórico que me sustente, eu de vez em quando penso na razão de ser de determinadas pessoas. Ou melhor, achar qualquer resquício racional para um comportamento irracional.
Eu penso, sobretudo, nas pessoas que nunca tiveram mãe. Para mim- e só para mim, na minha cabeça – a expressão “filho de chocadeira” não se aplica somente àqueles que nunca conheceram sua mãe, que foram abandonados em um orfanato logo ao nascerem, que não sabem seu paradeiro, se está viva ou morta. Filho de chocadeira, é que nunca teve uma mãe segurando no colo, dando a comida de seu próprio corpo. Quem, após se machucar, nunca ganhou “um beijo para sarar”, quem nunca ficou deitado na cama olhando a mãe se maquiar, quem nunca sentiu aquele olhar terno de encorajamento toda vez que sentia medo, quem nunca se sentiu amado de verdade.
A minha mãe, foi uma mãe muito ausente em muitas fases da minha vida, mas ela foi uma mãe, mais hora menos hora, ela se mostrava como tal e quando você é criança, é isso que importa. Os escrúpulos ou caráter, não é coisa que se ensine, vem daquele abraço que você ganhava quando chegava do colégio.
É verdade, que nem todos os que cresceram sem mãe serão filhos de chocadeira, somente aqueles em que o afeto, ou a falta dele fez danos irreparáveis. Ao ponto de não fazerem a distinção de certo e errado, não sentirem culpa e não saberem, não terem a menor idéia do que a palavra amor quer dizer. Esses filhos de chocadeira quando dizem que amam, estão somente brincando, jogando palavras ao vento.
Um pouco de culpa no que fazemos (sim, aquela culpa que veio do catolicismo sim) não faz mal à ninguém, é o que nos torna humanos.É o que nos diferencia dos psico e sociopatas. E tem gente que ainda considera isso um elogio.
Hannibal Lecter, estamos à sua espera.
(mas no fundo, no fundo sabemos do medo de morrer na solidão, a ante visão do futuro inevitável.)

~ por M. em março 12, 2007.

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