E se eu entendesse?

A Frutinha entrou no cio. O primeiro cio dela, que não completou nem um ano, ainda. Isso significa: noites muito mal dormidas, aos pingados com miados grossos de trilha sonora e uma gata vindo pular o tempo inteiro na minha cama, como se eu pudesse realmente fazer algo por ela.
Não sei porque, mas eu me solidarizo muito quando as gatas aqui de casa entram no cio. Não pelo aspecto sexual/biológico da coisa, mas porque, tem sempre uma hora, em que elas ficam serenas.
A Morena vai pra janela, olhar a vida passar e pensar porque ela está ali, naquela condição. A Frutinha deita na mesa, com o mesmo olhar reflexivo apontando pro vazio. Elas sentem dor, com certeza. Dor de cólica, talvez, dor no coração, o que seria ainda pior.
E nessas horas, cadê alguém pra dar o colo? O único gato macho daqui de casa – castrado – não quer saber delas. Chega até a se esconder.
Se elas vem sentar-se do meu lado, eu tento conversar, confortar de alguma forma.
É humano demais! Ou talvez seja eu, querendo me animalizar à categoria de fêmea.

~ por M. em janeiro 3, 2007.

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