Perto do coração selvagem

Desisti do Nietzsche, por enquanto. Chegou as minhas mãos “Perto do coração selvagem”. Largo tudo. Cada Clarice que chega pra mim, é novo carinho, na capa, nas palavras, é aquele meio sorriso de satisfação. Não vou sair porque não quero.
Eu tinha, vc veja bem, desistido de escrever, por esses dias. Desistido mesmo e para sempre. Havia tido já a grande idéia, a idéia do romance da minha vida, aquela que nós, pretensos, passamos a vida inteira buscando. Tinha feito o corpo dele, resolvido como seria, dividido capítulos, escolhido personagem. As palavras, entretanto, seguiam escassas e não saiam de mim nem a pau, nem a ferro, nem por força divina. Não tinha poesia que desse jeito. Desisti e foi assim até que uma noite não consegui dormir pela palavra que martelava sem me dar o sossego. Queria tirá-la de mim, precisava torná-la viva. Primeira palavra, primeira página.
Não sei se prossigo. Irei assim, homeopaticamente através de palavras?
Eu queria é me despir toda.

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

~ por M. em novembro 5, 2006.

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