I know I’m a mess that you don’t wanna clean up



A melhor hora é aquela em que me visto com perfume de amora, framboesa e violeta. Todas vermelhas, arroxeadas, rosas vermelho roxo. Vivo.
Nessa ausência, poucas coisas me restam, além daquele prédio em que vou todas as noites, que se ergue iluminado, altivo em meio à escuridão.
De mim mesma, pra mim, só tenho as horas dos livros e das palavras postas em letra cursiva deitada, quase itálicas, quase medievais, a hora do banho, onde posso, se quiser, falar, chorar, rir, brincar com espuma e com a água, cuidar dos cabelos, que é o mais importante.
E a hora de dormir. Eu durmo em frente à janela. As pessoas passam por um corredor defronte, conseguem me ver. Não tem cortina. É quase até uma violência. Elas entram no meu quarto, se quiserem, reparam as minhas roupas, a falta delas, o meu sono, ou a ausência dele.
Ainda assim, sou eu.
Um eu que não há pra quem mostrar.

~ por M. em julho 14, 2006.

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