Agonia

“Essa maré imensa de livros que gostaria de ler antes da morte me agoniam.”
Julio Cortazar

Eu as vezes canso dessas intensidades que fazem parte do dia à dia humano. O contato necessário com outrem que fazem da vida de qualquer um um inferno particular ou da falta dele, que é, igualmente nociva.
As fofocas, as intrigas, as estórias, os casos, os casos de amor, os affairs, as decepções, as desilusões, o coração partido, o tédio. Cansa ter isso.
Cansa não ter também.
Essa greve da uerj não está me fazendo bem nem um pouco. Eu perdi a empolgação até dos cursos temporários da Casa da Leitura. Perdi o ritmo. Não faço nada; sou um fantasma, perambulando pela casa.
Fico querendo inventar cenas de cinema pra mim, tentando achar o meu par de cena, não dou sorte, e nem nas intensidades, a vida anda boa.
Sou mono. Tenho somente um assunto. Me assusta até o último fio de cabelo sair do meu estabelecido, perder a única pessoa que vez ou outra eu posso sentir como se fosse amada de verdade, me dá vontade de chorar, saber que as coisas sejam assim.
Enquanto espero a máquina de escrever, enquanto espero que me aconteça algo que me tire do chão, ou que as borboletas que moram no meu estômago resolvam se mexer, eu apenas rabisco deliberadamente, sem propósito algum, fingindo que estou muito inspirada.
Existem milhões de livros parados, marcados aqui, lidos pela metade e que eu abanei pelo meio do caminho. Outros milhões na fila de espera. Me agoniam.
Vou voltar pra minha leitura.
E amanhã eu ligo.

~ por M. em junho 21, 2006.

3 Respostas to “Agonia”

  1. é. bem vinda ao mundo.
    é disso que é feito o material humano, merda, futum e desordem. Além de outros fenomenos mais interessantes. ou menos.
    Mas como tudo passa…
    é só esperar e agir enquanto espera.

    mas q é agoniante é.

  2. su-fo-can-te.

  3. é… está tudo parado no ar, como uma brisa que esqueceu de soprar…

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