Confissões de medo

Tenho uma confissão a fazer, aliás, tenho confissões. O que mais tenho medo é do perfume, excetuando, é claro, a própria presença física. Tenho medo da proximidade que permite com que eu sinta o perfume, aquele perfume um pouco doce demais pra ser perfume masculino, que não sei porque me parece meio floral, um perfume que não tem cheiro de homem, mas é o dele. Quando a no máximo um metro de distância aquele cheiro invade as minhas narinas, caminha diretamente para o meu cérebro sinto arrepios, é como se após sentir aquele aroma, eu fosse capaz de assistir numa espécie de tela mental todos os “nossos momentos”, talvez seja o perfume o imã que me atrai tão poderosamente. O respiraria como se fosse ar, e seria, seria o meu ar.
Tenho medo de certas músicas, as músicas cantadas. Todas as vezes que escuto uma dessas músicas, tenho a impressão de que consigo ouvir sua voz sussurrante cantando em meu ouvido, arrepia-me igualmente. Mas isso é menos, porque o cheiro chega antes e não é necessário contato físico para sentir um cheiro.
Tenho medo de falar e de escrever, de interpretações equivocadas, ou de falar demais, de abrir, expor demais. Tenho medo de ofender falando tanto, de culpar por algo que eu sei que é culpa inteiramente minha, mesmo que seja sem querer. Tenho medo das palavras tuas, que sempre tão carregadas de boas intenções não me dão nunca boa notícia. Medo do que calo, e do que entendes de meu silêncio. Medo dos meus sonhos e da minha própria desesperança.
Mas sobretudo, tenho medo dos olhares, dos meus olhares traidores, dos que dizem tudo e as vezes, só as vezes, conseguem ficar sem dizer nada, tenho medo do que transparece no brilho deles e do teu olhar quando percebe o meu.
Me desculpe, tentarei melhorar, mas as vezes, é mais forte que eu, e não consigo evitar. Assim como não consigo evitar as choques que sinto ao menor toque, assim como não consigo evitar uma certa admiração tão boba e infantil que é quase de tiete quando te observo enquanto falas. Juro, tentarei melhorar.

~ por M. em junho 22, 2005.

Uma resposta to “Confissões de medo”

  1. uma merda isso.
    eu não posso cheirar seda hidraliss.
    não posso.
    e passa uns filmes na minha cabeça, eu sinto umas mãos me segurando.
    alguém bangunçando meu cabelo…

    (puxa, e quem é que nunca te dá boa notícia?)

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