Going

Engraçado como que, em véspera, ou na semana do ano novo, a família inteira se reúne para dar ordem às coisas, como se fosse um pecado ter um tiquinho de poeira ou uma roupa fora do lugar no momento em que um ano dá passagem à outro. Menos eu. Bizarramente, hoje, um passarinho – não sei o nome – daqueles bem comuns no Rio de Janeiro, com a barriga amarela, entrou no meu quarto fazendo o maior estardalhaço no melhor do meu sono. Como, durante esta semana inteira eu já ostentei um humor daqueles, já levantei reclamando do maldito, meu gato achando que tinha virado o frajola e tirado a sorte grande, porque, afinal depois de tantos anos apenas observando essas aves pela janela, nos entra um pela nossa janela, sobrevoa a casa, pousa nos móveis e pede pra sair, desesperado, pela janela da sala.
A minha cama, ainda está uma bagunça. Não estou com a menor pressa apesar dos gritos da minha irmã, achando que eu vou fazer alguma coisa porque ela quer. Não vou. Bagunça… the mess. Não vou nem comentar sobre a minha vida, porque ultrapassou o ponto da bagunça, eu já não sei mais classificar o que é. As vezes tomar uma dianteira que, há anos, meses, semanas, segundos atrás eu não sabia se podia ou conseguia, as vezes ser arrastada e ir, sabe? Ir.
Sem brincadeiras ou respostas padrão como diz um certo amigo meu, eu tenho ido. Talvez estes dois verbos sejam o que de mais perto chega de mim. E todo mundo quer saber ido onde e com quem, mas a única resposta que eu tenho, é essa. Indo.

~ por M. em dezembro 31, 2008.

Uma resposta to “Going”

  1. Eu confesso: arrumei o meu quarto para o Natal, e dei retoques para o Ano Novo. Não sei, cai como uma obrigação isso de virar o ano com tudo nos lugares. Eu sinto como se fosse poder começar do zero nesse sentido, poder começar uma nova bagunça ao longo do ano. Mas, só arrumo as coisas externas quando tenho um lapso de sossego interno; quando estou na “bagunça”, tudo ao redor fica insuportavelmente fora de lugar.

    Estar indo é bom, Mayra. No mínimo, significa que você não está parada, asfixiada pela bagunça. Estar indo tem um quê de não-expectativa, de alguém que simplesmente está seguindo e vivendo as coisas que têm aparecido. Soa bem, eu acho.

    Beijos!

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