A esperança
” Por mais arriscado que fosse o meu lado, eu era obrigada a arrastá-lo para o meu lado pois o dele era mortal.”
Os desastres de Sofia – Clarice Lispector
Numa forma de livrar-me de culpa, gosto de pensar que arrastar-te para o meu lado fora necessário. O teu te mataria em angústia e falta de amor.
Te coloquei lado a lado não para ser a melhor pessoa em doze anos, nunca me pretendi melhor mulher. Talvez até, eu tenha sido, dentre todas, a pior mulher desta dúzia de anos.
É que eu em toda a minha maldade, descuido e imprudência significava o renascer da sua esperança. Mas eu não sou amável, por isso me afasto. Eu não sou você, por isso separo.
Eu era para ter sido a sua confiança na vida.
Curioso pensar em pontos-de-vista diferentes. Afinal, qual é o lado mais letal aí? Onde seria menos perigoso ficar?
Alguém puxa o outro para o seu lado na tentativa de salvar, mas, ao mesmo tempo, talvez devesse ser puxado, afastado de seu próprio lado para conseguir também a sua salvação.
É tudo meio paradoxal. Puxar para o seu lado e depois se afastar. É paradoxal e inquietante, porque na prática, acho que visualizo como funciona.
São os desastres, não é, não só de Sofias, mas de todos nós.
Um beijo!
Bruna Maria said this on novembro 25, 2007 às 1:02 am