A esperança

” Por mais arriscado que fosse o meu lado, eu era obrigada a arrastá-lo para o meu lado pois o dele era mortal.”
Os desastres de Sofia – Clarice Lispector

Numa forma de livrar-me de culpa, gosto de pensar que arrastar-te para o meu lado fora necessário. O teu te mataria em angústia e falta de amor.
Te coloquei lado a lado não para ser a melhor pessoa em doze anos, nunca me pretendi melhor mulher. Talvez até, eu tenha sido, dentre todas, a pior mulher desta dúzia de anos.
É que eu em toda a minha maldade, descuido e imprudência significava o renascer da sua esperança. Mas eu não sou amável, por isso me afasto. Eu não sou você, por isso separo.
Eu era para ter sido a sua confiança na vida.

~ por M. em novembro 24, 2007.

Uma resposta to “A esperança”

  1. Curioso pensar em pontos-de-vista diferentes. Afinal, qual é o lado mais letal aí? Onde seria menos perigoso ficar?
    Alguém puxa o outro para o seu lado na tentativa de salvar, mas, ao mesmo tempo, talvez devesse ser puxado, afastado de seu próprio lado para conseguir também a sua salvação.

    É tudo meio paradoxal. Puxar para o seu lado e depois se afastar. É paradoxal e inquietante, porque na prática, acho que visualizo como funciona.

    São os desastres, não é, não só de Sofias, mas de todos nós.

    Um beijo!

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