Poema

“Gr. poíema, o que se faz, criação, invenção, trabalho.
Palavra semanticamente instável , vincula-se, pela etimologia e por natureza, à poesia: considera-se poema toda composição literária de índole poética, ” um organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia” (Paz 1956: 14).”

Dicionário de termos literários – Massaud Moisés

Não havia diferença entre uma coisa e outra. Ela sempre fora poema, feita da mais pura poesia que se poderia encontrar. Nada era-lhe tão lindo, tão significativo, tão… poético.
Antigamente, quando Alice via dessas mulheres, a primeira sensação era de uma grave admiração, como se diante de si estivesse uma Estátua grega viva. Naquele assombro de visão, transformava estes momentos em adorações solenes. Tudo o que conseguia pensar e querer era uma apropriação canibalística. Não queria ela, queria sê-la.
Bobagens de criança.
Quando ficou mais velha e estava a um ano de ter a sua idade separada por um “e”, a conheceu. Pela primeira vez não quis ser outra mulher. Queria viver estática tendo -a como espetáculo. Queria ser musa ao mesmo tempo que arranjara a sua. A sua que era feita de letras. De muitas outras coisas também. Mas ela era Poesia. Seu nome era esse. Havia nela a certeza de que aquela ali já nascera escrita e fora desenvolvendo-se em letra cursiva e delicada a jatos de caneta tinteiro.
Após a descrição entendeu: ela inteira me suscita – poesia.

~ por M. em novembro 22, 2007.

Uma resposta to “Poema”

  1. Um perigo essas pessoas-poema, haha! Mas deliciosas de se observar, de contemplar, enfim.

    Essa definição de Massaud me faz lembrar uma aula que assiti esse ano, de Teoria I, na qual a professora dizia que essas palavras com “ema” (poema, edema, etc) têm tipo uma idéia de concentração de algo… o edema, concentração de sangue, por ex. Acho legal pensar na palavra segundo essa visão também… e projetando na “musa”, acaba paracendo que ela é ainda mais encantadora.

    Beijo!!

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