Encontros e desencontros.

se encontraram casualmente no lugar onde ambos estudam. Nada mais normal, porque, após uma situação não definida e algo constrangedora, parece ser uma lei física: as pessoas fatalmente se esbarrarão praticamente todos os dias mesmo sem terem se visto uma vez sequer, antes.
Ela havia saído das duas primeiras aulas que tivera e ele, fora resolver algum problema burocrático qualquer, o último empencilho, o visto para a partida já marcada.
Ela parecia diferente, ele demorou uns instantes antes que visse que a mulher que marchava a seu encontro com um sorriso no rosto era a mesma com a qual havia dormido há apenas algumas noites. Dessa vez, os cabelos alinhados e óculos desse modernos com armação quadrada, bermuda e camisa branca, tênis e um blaser marrom por cima. Uma bolsa enorme comparado com o seu tamanho. Uma menina, uma menina que tem cara de saber de tudo. Bem diferente da mulher que havia conhecido, de língua solta, com gosto de vodka cara, meia calça, sapatos altos, colar de pérolas e um indefectível vestido preto. Uma dama da noite.
Ele, de terno.
– Você está diferente. Parece alguém muito mais inteligente. Alguém que não tropeça nas palavras para responder uma pergunta simples.
-Você me parece igual. Está mais bem penteado, mas fora isso, eu continuo te achando bonito e continuo lembrando de outro quando te vejo.
– Você soa diferente também. Pessoas muito inteligentes não costumam ser tão boas de cama.
– É, as vezes você escolhe ser bom no que é. Por um acaso, eu sou boa nos dois, pra sua sorte. Uma coisa independe da outra, na verdade. Existem dias em que tudo o que eu quero é passá-los na cama, há outros em que a cama nada mais é do que o cenário de minhas leituras e estudos.
Não sei preocupe, um dia, quando nos encontrarmos, você vai ter tempo de observar os dois de perto.
-Não, não vou. Esqueceu que não estarei aqui?
– E eu disse que esse dia está perto?
– Como fazer planos tão futuros?
– É uma questão de controle. Eu gosto de pensar que estou no controle da minha própria vida, de que, o meio para o meu destino se manifestar, sou eu mesma.
-Então, até lá?
– Até. Ah, e ao que me concerne, apesar de você me parecer muito inteligente, você também não é nada mal.
Ele sabia que não era nada. Demorou alguns dias para obter a sua resposta.

~ por M. em agosto 28, 2007.

Uma resposta to “Encontros e desencontros.”

  1. nossa, adorei esse texto! ;p

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