Da fofura

Não sei bem quando ou como aconteceu. Há algum tempo, as pessoas faziam uma imagem de mim, ela era bem viva e bem específica: eu era fofa. Assim, fofa mesmo, de já ter recebido incontáveis pedidos para morar nas prateleiras das pessoas, tal era a minha imagem bonequinha. Me prometiam de tudo, tomar conta da bonequinha da prateleira tal qual um bibelô, com a atenção que sua fragilidade aparente exige.
Depois de muito brigar, espernear e me revoltar contra o título rótulo, eu consegui quebrar o estigma. Mas eu nunca pensei que um dia pudesse sentir falta do que era antes.
Eu deixei de ser fofa para ser alguma coisa imprecisa, que ” engata” casos e cujos adjetivos agora “são de gente grande”.
Eu nunca achei que minhas coisas não deram certo por falta de esforço da minha parte, pelo contrário, mas como qualquer ser humano normal, eu também tenho as minhas barreiras, limitações e consciências e quebrá-las, quase nunca é preciso que seja um ato violento.
Eu sempre tive meu tempo.
Eu dou flores, eu pergunto como foi o dia, eu morro de vergonha de que o meu ” caso” me olhe. E quando foi que eu perdi a condição da fofura?

~ por M. em junho 30, 2007.

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Da fofura

Não sei bem quando ou como aconteceu. Há algum tempo, as pessoas faziam uma imagem de mim, ela era bem viva e bem específica: eu era fofa. Assim, fofa mesmo, de já ter recebido incontáveis pedidos para morar nas prateleiras das pessoas, tal era a minha imagem bonequinha. Me prometiam de tudo, tomar conta da bonequinha da prateleira tal qual um bibelô, com a atenção que sua fragilidade aparente exige.
Depois de muito brigar, espernear e me revoltar contra o título rótulo, eu consegui quebrar o estigma. Mas eu nunca pensei que um dia pudesse sentir falta do que era antes.
Eu deixei de ser fofa para ser alguma coisa imprecisa, que ” engata” casos e cujos adjetivos agora “são de gente grande”.
Eu nunca achei que minhas coisas não deram certo por falta de esforço da minha parte, pelo contrário, mas como qualquer ser humano normal, eu também tenho as minhas barreiras, limitações e consciências e quebrá-las, quase nunca é preciso que seja um ato violento.
Eu sempre tive meu tempo.
Eu dou flores, eu pergunto como foi o dia, eu morro de vergonha de que o meu ” caso” me olhe. E quando foi que eu perdi a condição da fofura?

~ por M. em junho 30, 2007.

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