Doped

Sentia-se como aquelas pessoas dos filmes, viciadas em heroína. Estava sentada no chão encostada numa estante que vinha do piso ao teto, cheia de cds e lps, assim que soltou a fumaça, fechou os olhos, sentiu uma coisa estranha, não identificável, era quase como um orgasmo. Fechou os olhos, abriu a boca e soltou um gemido, mais uma vez…cena de filme, junkie.
Mas não era heroína, não era nem perto. Era coisa pouca, coisa boba, mas qualquer coisa pouca e boba, era mto pra alguém daquele tamanho. Vontade de deitar no chão, vontade de chegar mais perto dele, vontade de ligar pra um outro país qualquer, vontade de ir pra cama, de beber, de fumar, de tudo.
Vontade de escrever e de não lembrar mais daquelas palavras todas que corriam desesperadamente na sua cabeça, tinha qu ser tudo aqui, agora. A vida era aqui, agora. E depois o sono.
Nunca se dera conta de como jazz contemporâneo era uma coisa boa de se ouvir. E outras coisas com som grave de um baixo, na vitrola de um desconhecido.
Ele, tocava os acordes de baixo na barriga dela, mesmo sendo, um pianista.Parecia que nunca ia acabar. Ela olhava as coisas fora de si, como que vendo de fora, se vendo de fora, também. Uma nova versão de night and day.
“Night and day
you are the oneonly you beneath the moon or under the sun
wheather near to me or far it’s no matter darling
where you are
I think of you
day and night, night and day”
Confundia tudo. Já não sabia o que era começo e o que era fim.

~ por M. em setembro 23, 2006.

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