O correr das águas

Assim que ele chegou, inúmeros estudantes e pós estudantes o cercaram, queriam tirar fotos, entregar-lhe livros e suas respectivas teses de mestrado e doutorado.’
“É sobre o senhor.”
Pensei: Meu Deus, daqui a pouco esse homem vai ter que sair daqui com um carrinho de mão, pra carregar isso tudo.
Pensei ainda: E se eu mostrar meu trabalho de lingüística? Já que está todo mundo mostrando alguma coisa mesmo… Mas não vai adiantar, a Zinda não vai querer saber se quem respondeu foi o Ferreira Gullar ou se foi o Carlos Drummond de Andrade, vai estar errado de qualquer jeito.
Era uma mesa redonda de poetas, deixaram-no para o fim, nada mais justo, ele era a celebridade, a grande atração da noite.
Quando ele começou a falar, lembrei imediatamente porque gosto tanto deste velhinho simpático.
Em um teatro lotado de professores universitários e futuros professores universitários, ele diz:
“Os professores universitários gostam tanto da poesia concreta não por si, mas porque ela tem uma teoria. E vocês sabem… professor universitário adora uma teoria.”
Ganhei a noite.

~ por M. em agosto 2, 2006.

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