Três semanas

Pensava se era normal o que sentia. Já havia lido um artigo em alguma revista, ou talvez em algum livro sobre pessoas que quando expostas a uma convivência muito intensa se apegam em poucos dias, em poucas semanas. São capazes de desenvolver uma espécie de amor de anos, pra vida inteira.
Três semanas e tinha se apaixonado. Um amor completamente livre de envolvimento carnal, puro. Não se atreveu nunca a pensar que fosse um amor fraternal, havia algum desejo escondido, era amor de mulher pra homem. Com necessidade de tocar, de abraçar, de dizer eu te amo.
Embora ele fosse homossexual, nada mudara. Ela havia se apaixonado. Sabia disso desde que que tocara do quanto gostava de tocá-lo, de fazer brincadeirinhas…Não se importara. Era platônico.
No último dia, não se desgrudaram nem um segundo.Nem ao menos se importaram em dar espaço para outros possívei pretendetes que estavam apenas esperando aquela ocasião para tomarem coragem. Até olhavam em volta, tomavam alguma consciencia das outras pessoas, mas em suma, era como se ali, naquele dia, só houvesse um ao outro.
Já no fim da festa, quando sua irmã havia se arranjado e sumido, ela foi ao alojamento com ele, com frio e toda molhada da chuva. Ele prontamente arranjou um cobertor e se sentou com ela no sofá pra ver TV, abraçado.Um desfecho perfeito para um dia feliz que seria triste ao fim.
Ela arranjou uma carona, o carro estaria esperando do lado de fora da locação, na esquina da rua, em frente a uma banca de jornal. Ele fora andando com ela todo o caminho de mãos dadas.Conversavam. Ao chegarem ao carro, ele não soltou sua mão, e ela disse que o amava. Segurou a mão dele até entrar no carro, e olhava pra ele do lado de dentro. Não queria ir embora, não queria se despedir.
Ao partirem, sentiu lágrimas de saudade.

~ por M. em janeiro 29, 2006.

Deixe um comentário