Minha pacividade sempre foi algo que me incomodou. Eu sempre fui alguém que abaixava a cabeça, sempre fui alguém que quase nunca dizia não, por nunca ter descoberto a melhor maneira, a maneira menos dolorosa de fazê-lo. Eu sempre esperei que as coisas caíssem do seu, sempre sentei pra chorar nos momentos de desespero. Frequentemente, me vejo sem saída.
Me dói muito ter que enfretar alguém ou alguma coisa, com o tempo, essa atitude foi se fazendo necessária. Tudo depende de quem ou com o que eu lido. O medo todo parte daí.
De tudo o que mais odeio é voltar pra casa sozinha. Pois normalmente há tempo de se refletir sobre os acontecimentos da ocasião precedente, dá tempo de me arrepender, e aí, começo a entrar em dilemas morais quase barrocos nos quais me torturo por esta ou aquela atitude, por esta ou aquela palavra. Por mais que se possa estar sozinho mesmo com alguém ao lado, continuo tendo a sensação de que essa pessoa a meu lado, me seguraria, e eu aceitaria, talvez pacivamente exigências que visassem meu bem. Hoje em dia, não há quem me segure, e uma das unicas pessoas a qual eu respeitaria tal opinião, também não quer “se segurar”. Ter alguém ao lado, quando você volta pra casa, faz o silêncio ficar menos incômodo, faz os pensamentos fluírem de forma menos dolorosa, segura as lágrimas nos olhos. Por mais que o fato de ter alguém ali não signifique absolutamente nada, dá a impressão de que terá, se eu quiser virar pro lado, se quiser dormir, se quiser falar.

~ por M. em junho 29, 2005.

Uma resposta to “”

  1. como eu me identifico com o que vc escreve. muito lindo!
    beijos
    M.Casals

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