Abrindo a caixa II

 

mentira

[De mentida, fem. de mentido, com dissimilação.]
Substantivo feminino.
1.Ato de mentir; engano, impostura, fraude, falsidade. [Sin., na maioria pop. ou fam.: patranha, peta, lampana, lenda, loas, maranhão, cascata, conto, conto da carochinha e (bras.) goma, lorota, lorotagem, conversa, pomada, potoca, poçoca, prego, broca, rodela, gamela, moca, mariquinha, maxambeta, mentira-carioca. ~ V. carapeta (3).]
2.Hábito de mentir.
3.Engano dos sentidos ou do espírito; erro, ilusão:
as mentiras do mundo.
4.Ideia, opinião, doutrina ou juízo falso.
5.Fábula, ficção.
6.Bras. Pop. V. leuconiquia.
7.Bras. RJ Biscoito redondinho e achatado, feito de massa de pão de ló; mentirinha.
8.Bras. MG Pastel1 (1) vazio, sem recheio.

Mentira de nove modas. 1. Bras. As que são contadas por alguém de uma só vez.
Mentira deslavada. 1. Mentira muito exagerada; grande peta.

 

 

desespero

(ê). [Dev. de desesperar.]
Substantivo masculino.
1.V. desesperação.
2.Aflição extrema.
3.Raiva, cólera, furor. [Pl.: desesperos (ê). Cf. desespero, do v. desesperar.]

Dar o desespero. 1. Bras. Irar-se, encolerizar-se, enfurecer-se.
Em desespero de causa. 1. Como última tentativa de remediar ou contornar situação gravíssima. *

Então eu minto. Uma das (poucas) coisas que meu pai sempre me ensinou fora que mentira é uma das coisas mais abomináveis que existem, não há meio de se safar delas a não ser contando mais e mais mentiras e não há escapatória possível. Um dia, a pessoa é pega em seu ato, seja de que maneira for.

Nas épocas em que eu tinha tempo vago e me dedicava a um estudo do comportamento humano, aprendi a juntar cacos como tiques, posturas, linguagem corporal, tom de voz, olhar, a ler indicadores que me apontariam uma possível mentira.

O que os adultos não nos contaram enquanto crescíamos é que, um dia, ainda nos encontraríamos em diversas situações em que mentir é até um ato de piedade. É claro, uma criança encontrará certa dificuldade em distinguir que mentiras seriam “necessárias” ou não.

Mentir como ato de desespero, não é necessário, mas é uma atitude extrema de alguém que viu todos os seus recursos esgotados e que deseja ardentemente, tão somente, dizer a coisa certa.

Não é justificável e em algumas situações, certamente não é perdoável. E ao fazer isso, é preciso ter engendrado em si a sapiência de que, se essa mentira for descoberta, confiança será uma palavra que não se pronunciará mais. Nunca mais.

É ai que entra o desespero e o embotamento total dos sentidos e racionalidade. E mentiras por desespero, só acumulam peso na consciência, um enrolar-se nas próprias pernas e uma derradeira confissão. Quem mente por desespero, nunca aguenta muito tempo sem dizer a verdade. É o desespero, falando mais alto.

 

* verbetes do Aurélio online

~ por M. em setembro 18, 2009.

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