Sentimental

“Quem é mais sentimental que eu?
Eu disse e nem assim se pôde evitar.”

Sentimental- Los Hermanos

No orkut há um espaço na parte do “pessoal” no qual você deve colocar o que aprendeu com seus relacionamentos passados. Eu sempre achei bastante otimista de um site de relacionamento dar esse benefício da dúvida para todos. Claramente, não são todas as pessoas que aprendem alguma coisa mesmo quando se vêem em face do relacionamento provavelmente mais importante de suas vidas (por uma série de motivos), ou no mínimo, um dos mais importantes.

Correndo o risco de parecer safa ou sabidinha demais, porque, as vezes até eu mesma fico na dúvida no que aprendi ou não aprendi ou desaprendi (tendo em vista o caráter cíclico que alguns relacionamentos meus manifestaram) minha resposta, desde muito cedo fora: que eles são finitos.

Essa para mim sempre foi, desde o meu primeiro relacionamento, a lição mais difícil de aprender. A que eu tenho que re-aprender o tempo inteiro porque é algo com o qual eu realmente não consigo me conformar. A cada relacionamento que passa, sempre existe aquele momento, em que você acha que será diferente, que esse, será para a vida toda e embora no meu último eu diversas vezes pensasse coisas do tipo “quando esse namoro acabar”, eu queria desesperadamente me agarrar à ideia de continuidade porque justamente, me parecia o certo. Era o desejo último, o principal, o maior, a vontade de envelhecer junto.

E acabou, embora eu ainda tenha gastado muito tempo e energia tentando manter algo que me dissesse: ainda vai ser. Este, é eterno. Talvez relacionamentos sejam eternos somente no sentido das lembranças, das coisas que você olha e pensa com carinho nos momentos felizes que passou, quando consegue finalmente esquecer e relevar todas as coisas ruins. Talvez, em termos de relacionamento, não exista mesmo eternidade no sentido físico, de convivência, de amor e companheirismo  na intensidade que se acha que existe. Pode ser que exista em outra, menor, de fato, bem menor.

Mas quando acaba, acabou mesmo. É impressionante o efeito que uma conclusão tem para mim. Eu não tenho o menor problema em ficar com pessoas, fazer inclusive outras coisas e, quem me conhece bem, sabe que eu sou uma pessoa bastante tátil, uma daquelas pessoas que, mesmo com os amigos, precisa de contato físico quase que o tempo todo, precisa estar encostando na pessoa amada o tempo inteiro. Demonstrações físicas de afeto são uma das coisas que eu mais prezo. Mas se, um relacionamento acaba e conforme a importância que eu dou ou dei para ele, eu coloco algumas coisas num nível quase sagrado, num nível acima de mim e que devem permanecer ali. Desta maneira, uma série de “direitos” que a pessoa desfrutava comigo, não existem mais  e nem podem existir. É preciso que estas coisas fiquem restritas àquele limite de tempo em que existiram enquanto existiu aquele amor insuportável dentro de mim. Um desses direitos, é o toque.  É como se, ao acabar, a pessoa não pudesse, não tivesse o menor direito de encostar em mim ainda que de maneira descuidada e muito menos de maneira planejada. Os toques são dessas coisas que entram nesse sagrado. Eles foram aquilo, tiveram um ou vários momentos – ápice e acabaram, como o relacionamento.

A minha inacessibilidade com relação aos/às minhas exs é nesse sentido.  Eu implicitamente proíbo uma série desses direitos, que até os meus amigos podem ter, mas eles não podem. Apesar de não parecer, eu tenho algum distanciamento que é, necessário. Para não se deixar levar por qualquer coisa, para respeitar o sagrado e o que se foi. Otherwise, it gets confused.

~ por M. em março 21, 2009.

2 Respostas to “Sentimental”

  1. […embora no meu último eu diversas vezes pensasse coisas do tipo “quando esse namoro acabar”, eu queria desesperadamente me agarrar à idéia de continuidade porque justamente, me parecia o certo. Era o desejo último, o principal, o maior, a vontade de envelhecer junto.]

    Que alivio! Por um minuto achei que isso só acontecia comigo! Eu e minha mania de achar que o mundo giro ao meu redor. Nenhuma historia nessa vida é original. Graças a Deus!
    ^^

    Gostei muito !

  2. É…realmente esses limites precisam existir, senão fica mesmo muito confuso. Tem ex que acha que dar selinho não tem problema, ou que ainda dá pra sair de mãos dadas ou ligar quando tem problemas. Sou do tipo que prefere não ligar, e, se acontecer de encontrar com a pessoa, não encostar, nem dois beijinhos nem nada. Me sinto constrangida. Fora que, como falei antes, somos todos adolescentes nesse quesito…Ficar pensando, achar que ainda tem volta, que foi uma fase, dar e receber esperanças falsas…Coisas que só pioram o que já está ruim.

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