On the playground, love

Eu gostaria de dizer realmente que acho tudo muito difícil. Gostaria de poder confirmar aquilo que eu digo e repito para todas as pessoas. Gostaria de estar me sentindo desconfortável de alguma forma. Sempre me pareceu melhor sentir-me desconfortável, com o incômodo há sempre ao menos a promessa interna de querer e desejar as coisas de forma diferente – e pôr os desejos em prática – para acabar com o incômodo e criar outros em vários ciclos que começam e se fecham um logo após o outro.
Eu sempre tive problemas de assumir o sentimento de culpa porque isso implica em ter feito algo errado ou algo que eu acho errado. Então, eu não sei porque me sinto culpada de estar achando as coisas, de certa forma, fáceis demais. É maluquice, sentir culpa porque as coisas não tem tanta importância na minha vida como eu achei que tinham. E que acostumar-me com ausências não esteja me incomodando tanto quanto eu acho que deveria, nem mesmo agora, que eu estou de férias.
Eu sei que elevo tudo à milésima potência e que quase tudo parece muito mais importante do que realmente é. Eu sempre enxergo as coisas e pessoas muito maiores do que realmente são, vejo-as do alto, enquanto isso, eu, tão pequenina! Algo acontece e eu diminuo ainda mais, minutos antes de tomar consciência de que, na verdade, eu não sou tão pequena assim.
Me parece mais nobre admitir que preciso ao invés da arrogância de se clamar auto – suficiente.
Eu me sinto culpada por querer uma coisa por mérito, quase que por magia, porque eu realmente mereça e o fato de eu merecer seja visto. Não que eu não queira fazer esforço ou algo assim, mas ter que convencer me parece um pouco demais. Eu não levo jeito para a publicidade, só consigo convencer os outros a fazerem o que eu quero com relação à trabalhos. De resto, parece que estou é me vendendo. Mesmo que eu soubesse ou estivesse disposta realmente a “me vender”, eu sempre teria isso na cabeça, que as minhas roupas, o meu jeito de me comportar ou o meu corte de cabelo tenham feito mais diferença do que deveriam, pra algo que é só externo e que muda e é tão superficial. Talvez não seja só isso, eu não sei. Mas eu nunca fui muito boa em propaganda, publicidade nunca passou pela minha cabeça. Sei uma ou outra regra, como todo mundo, mas é exaustivo demais. Acho que chega uma hora que a gente só quer é colocar uma calça de moletom e uma camisa larga, pra sair de casa, sem a pretenção de ter que se vender.
Eu acho é que achei um outro playground para brincar. I am the playground.

~ por M. em fevereiro 22, 2007.

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