Mastigando Humanos

Eu sempre tive ânsias de conhecer, pelo menos um pouco da atual literatura brasileira. Sempre quis saber da contemporaneidade, mas não o contemporâneo dos livros de literatura, que estagna na década de 70 e depois passa para os cronistas. Contemporâneo meu, só de 1985 pra cá, e olhe lá.
Gabriel que me desculpe, mas…ele escreve bem. E isso antes de chegar na página vinte. Sim, eu sei, pode ocorrer uma reviravolta e o livro ficar horrível do meio para o final, ou o tal Nazarian, em algum momento, ter perdido a mão de seu jacaré subterrâneo existencial. Entendo que, pra mim, é fácil de se identificar com questões conflituosas pós adolescentes, ainda que na voz de um jacaré que viva em um esgoto.
Sei também que, nesse meio tempo, podem ( e devem) existir muitos outros que escrevam tão bem ou até melhor que o Nazarian. Mas dificilmente irei conhece-los. Talvez, chegue a ter um pouco mais de contato com essa geração de agora de escritores. Pelo menos, é o que se espera encontrar, em maior ou menor grau em um curso de letras.
A minha única crítica, que eu levantei até numa aula de teoria da literatura é: nós já não sabemos quem são nossos escritores, os atuais. E os poucos que chegam à mídia, como o Nazarian, não aproveitam o espaço que tem para abrir um novo leque de possibilidades da nova literatura brasileira. É tudo na base do eu, eu, eu. Nós não precisamos mais de egos gigantescos. Que não queira falar na tv ou no jornal de outros escritores, tudo bem, mas use o blog, elogie o trabalho alheio, critique-o. Quer coisa mais bonita do que a carta que Machado de Assis escrevendo sobre Castro Alves?
Falta isso. Falta esse deslumbramento e solidariedade com o outro.
Afinal, fora os Nazarians, cadê a literatura brasileira da atualidade?

~ por M. em novembro 22, 2006.

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