” Finalmente me disse o que tantos amigos meus já me haviam dito – que não tinha esperanças com relação a si mesmo, mas confiava em que eu me libertaria e faria algo surpreendente. Acrescentava com muita franqueza que não achava que eu tivesse sequer começado a me expressar como escritor. – Você não escreve como fala – disse ele. – Parece ter medo de se revelar. Se um dia se abrir e disser a verdade será como as cataratas do Niágara. “
Sexus – Henry Miller

Eu só escrevo quando não tenho nada pra fzer e o faço bem melhor fora de casa. Essa casa me prende e me sufoca. É como se eu não tivesse espaço para ser eu em minha própria casa. Na verdade, existem poucos lugares no mundo que me façam me sentir tão deslocada, out of place. Eu nunca poderia pendurar uma placa aqui que dissesse “home sweet home”, nem mesmo em meu quarto, em que sou invadida a todo instante.
Eu não sou um livro, nunca fui, temo que nunca serei. Não passo de notas espalhadas por cadernos e blocos aleatórios. Acho que os pedaços nunca se juntaram e formaram algo que faça sentido.

Eu faço sentido?
Me perguntaram o que eu aprendo no curso de Contos de Fadas, se é à colocar o sapatinho de cristal. E brincando também, eu respondi que me formaria em princesa depois que o curso acabasse. E ri, ri porque eu cresci e perdi a ilusão da princesa e do príncipe encantado. Mas consigo ver outras princesas ao meu redor, o que me faz querer ser príncipe também.
(o sapatinho ainda cabe no meu pé)
Toda vez que vou ouvir o unplugged da Alanis, eu sempre passo ” You learn”. Eu nunca escuto essa música. Acho que desde que comprei o cd, só escutei umas duas ou três vezes. É como se a música não fizesse sentido pra mim, uma vez que sei que “I will never learn”.
Aprender o quê?

Escrever, é o meu último refúgio.

~ por M. em maio 23, 2006.

Deixe um comentário