A coluna

Todo sábado, religiosamente, eu separo do jornal os dois cadernos que eu sempre leio. O “Ela” e o “Prosa e verso”. Sim, “Ela” também, porque não é só mais um caderno de moda no jornal, confesso, fico ansiosamente esperando os sábados para ;er a coluna do “Ela”que se altera entre dois ou três escritores, mas espero em especial a coluna do João Ximenes Braga.
Quando eu não rolo no chão de rir, como foi com a coluna seguinte à parada gay, eu sou levada a intensas reflexões, que algumas vezes podem me pôr face a uma frustração.
Pedaço da crônica (crônica? ah, sei lá) “A camiseta” deste último sábado:
” Por que Clarice Lispector, a partir de uma viagem de bonde pelo mesmo trajeto, a partir da mesma visão de um personagem que deveria ser corriqueiro mas se faz insólito (no caso dela, um cego mascando chiclete), conseguiu perturbar o equilíbrio mental de gerações de leitores com o conto “Amor”, e eu só consigo escrever tantas bobagens?”
Pois é, por que? Tudo bem, também não ouso me comparar à ela. Mas me sinto em dívida, comigo mesma (tá, e com os outros também) . Não tenho mais paciência pra escrever manuscritos, devia estar aproveitando essa greve pra escrever mais, também não estou. Me resumo ao blog e as minhas crises de inspiração andam cada vez mais constantes. De vez em quando sai algo que preste e aí as pessoas ficam achando que eu sou genial, mas não sou não. E nem sou a Clarice da minha geração, eu não tenho calibre pra isso.
Por que?

~ por M. em setembro 13, 2005.